Tem, têm, vem, vêm, veem... Nova Ortografia

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A diferença é simples: usamos o "tem" quando o sujeito estiver no singular e o "têm" quando o sujeito estiver no plural.

Exemplos:

Ele tem um gato que voa
Eles têm um gato que voa 
Vocês têm um gato que voa 


Com o verbo "vir" ocorre a mesma coisa:

Ele vem pra cá
Eles vêm pra cá 
Vocês vêm pra cá 

Com o verbo "ver" a gente dobra o "e". De acordo com a Nova Ortografia, não usamos mais o acento circunflexo nessas vogais dobradas.

Ele vê o gato que voa. 
Eles veem o gato que voa 
Vocês veem o gato que voa 

Antes da regra: vôo, enjôo
Com a Nova Ortografia: voo, enjoo

Outros exemplos: creem, leem

Como conjugar os verbos usando o "você"

"Você" é um pronome de tratamento. Ao contrário dele, "eu", "tu" e "ele" são pronomes pessoais.

Para conjugar os verbos usando o "você" basta copiar a conjugação da terceira pessoa do singular (ele/ela).

Por exemplo: "você fecha os olhos"(presente do indicativo). Usamos a mesma conjugação do "ele", que seria "ele fecha os olhos".



É importante saber isso para entendermos a conjugação dos verbos no imperativo. Seguindo o modelo, teríamos: "fecha tu" e "feche você" (estaria errado dizer "fecha você" porque, no imperativo, nós conjugamos "feche ele").

Quer saber mais a respeito dos verbos? Acesse o nosso plano de estudo, clicando aqui

Como usar a CRASE?

O QUE É CRASE?

A crase, grosso modo, nada mais é do que a fusão de um "A" com outro "A". Trata-se, portanto, da fusão de dois sons iguais. Para ser mais exato, podemos dizer que a crase é um fenômeno linguístico de natureza fonética (assim como muitos outros fenômenos fonéticos). Lindo!




A CRASE E O ACENTO GRAVE


A crase é representada pelo "a" grafado com o acento grave ("à"). Portanto, não confunda: o nome do acento é acento grave, enquanto que o fenômeno da fusão ("a+a") é chamado de crase. É preciso tomar cuidado com isso. 

Repetindo mais uma vez: crase é um fenômeno linguístico (fusão de dois sons iguais) representado graficamente pelo "a" grafado com acento grave ("à"). Antigamente (mais de 100 anos atrás) quem cumpria esse papel era o acento agudo, mas hoje é o acento grave.

TRÊS COISAS FUNDAMENTAIS PARA ENTENDER A CRASE

Antes de partirmos direto para as regras de uso da crase, peço um pouco de paciência, pois é preciso que você entenda três coisas primeiro:

1) entender o que são preposições
2) entender o que é regência verbal
3) entender o que é combinação e contração de preposições


1) PREPOSIÇÕES são usadas para ligar palavras entre si (quando elas se juntam e formam frases, locuções etc). Exemplos de preposições: de, com, a, para, entre... 

Se eu juntar "eu + gostar + tomate", não posso dizer "eu gosto tomate", mas sim "eu gosto de tomate" (mentira, não gosto não!). Esse "de" é uma preposição usada para fazer a ligação entre o verbo e o seu complemento, pois o verbo "gostar" exige o uso da preposição "de". Ou seja:

2) Os VERBOS, ao serem usados nas frases, podem exigir o uso de preposições específicas. Estudamos isso num assunto chamado regência verbal

Por exemplo: o verbo "gostar" exige a preposição "de" (eu GOSTO DE pandas), o verbo "morar" exige a preposição "em" (eu MORO EM Pandalândia), o verbo "ir" exige a preposição "a" (eu VOU A Pandalândia) e o verbo "amar" não exige nenhuma preposição (eu AMO pandas, pois eles são bem tranquilos e legais).




3) Acontece que, depois da preposição, pode aparecer algum artigo ("o", "a", "os", "as", "um", "uma", "uns", "umas") ou então algum pronome demonstrativo ("esse", "este", "aquele" etc). Quando isso acontece, a preposição se une aos artigos e aos pronomes num processo de contração (quando as duas palavras originais sofrem alterações na nova palavra formada) ou combinação (quando duas palavras se mantêm juntas na nova palavra sem se alterarem, preservando suas sílabas). 

Veja, agora, os exemplos abaixo. Olha que coisa emocionante:

Eu moro em + essa cidade = eu moro nessa cidade (contração)
Eu vivo em + um apartamento = eu vivo num apartamento (contração)
Eu preciso de + a chave do carro = eu preciso da chave do carro (contração)
Eu vou a + o teatro = eu vou ao teatro (combinação)
Eu vou a + a praia = eu vou à praia (contração)
Eu gosto de + aquele livro = eu gosto daquele livro (contração)
Eu vivo em + aquele apartamento = eu vivo naquele apartamento (contração)
Eu vou a + aquela praia = eu vou àquela praia (contração)
Eu vou a + aquele bairro + eu vou àquele bairro (contração)

Como você pode ver, a crase nada mais é do que um caso de contração que ocorre, na maior parte das vezes, entre a preposição "a" e o artigo "a", ou então entre a preposição "a" e o "a" inicial dos pronomes "aquele", "aquela" ou "aquilo". Como não existe "aa", nós representamos essa fusão com o "a" grafado com o acento grave

Agora, SORRIA, pois veremos duas dicas importantes que nos ajudarão a resolver muitos casos envolvendo a crase!



DUAS DICAS FUNDAMENTAIS PARA O USO DA CRASE


 Dica 1: trocando pela palavra masculina 


Você já sabe que a crase corresponde à fusão da preposição "a" com o artigo "a". Portanto, a crase se comporta como a versão feminina do "ao" (a + o). Exemplo:

Vou a + o museu = vou ao museu. 
Vou a + a praia = vou à praia.  

Portanto, nas situações em que usamos a combinação "ao" (a + o) diante de palavras masculinas, usamos "à" (a + a) diante de palavras femininas. É daí que vem a dica da troca: se você ficar em dúvida se deve usar a crase ou não numa frase, troque a palavra feminina por outra masculina. Se usamos "ao" diante da palavra masculina, usaremos a crase diante da palavra feminina.


Exemplo 1: será que existe crase em ELE DEU UM COELHO A MENINA

Troca: ELE DEU UM COELHO AO MENINO

Se nós escrevemos "ELE DEU UM COELHO AO MENINO", significa dizer que houve união entre a preposição "a" e o artigo "o" (a + o = ao). Portanto, se usarmos uma palavra feminina (que admite o artigo "a"), haverá a união entre a preposição "a" e o artigo "a". Ou seja: haverá crase (a + a = à)

Masculino: Deu um coelho ao menino (a + o = ao).
Feminino: Deu um coelho à menina (a + a = à).

Exemplo 2: será que devemos usar a crase em DEU UM COELHO A SENHORA

Troca: DEU UM COELHO AO SENHOR.

Portanto, usaremos crase:

Masculino: Deu um coelho ao senhor (a + o senhor).
Feminino: Deu um coelho à senhora (a + a senhora).



Esse coelho está meio diferente...


Exemplo 3: será que devemos usar a crase em  TENHA RESPEITO AS REGRAS?

Troca: TENHA RESPEITO AOS REGULAMENTOS

Usamos "ao" diante de "regulamentos", então usaremos a crase diante de "regras". 

Tenha respeito aos regulamentos.
Tenha respeito às regras.

Basta pensar em como ficaria a frase se usarmos uma palavra masculina para verificar se há combinação da preposição com o artigo.


Exemplo 4: será que devemos usar a crase em  VAMOS RESISTIR AS DIFICULDADES?

Troca: VAMOS RESISTIR AOS...

Usamos "resistir aos" ou "resistir ao" diante de qualquer palavra masculina. Sendo assim, devemos usar a crase diante da palavra feminina ("resistir às" ou "resistir à")

Vamos resistir às dificuldades, às guerras, à situação.
Vamos resistir aos problemas, ao caos, ao desafio. 

Exemplo 5: será que devemos usar a crase em  VAMOS RESISTIR A ESSAS DIFICULDADES?

Troca: VAMOS RESISTIR A ESSES...

Diante de alguma palavra masculina, usaremos "resistir a esses". Portanto, não usamos "ao", não há contração da preposição "a" com nenhuma palavra. Logo, se usarmos alguma palavra feminina, não usaremos crase (a preposição "a" ficará solta, sem se juntar a nenhuma palavra). 

Vamos resistir a essas dificuldades, a essas guerras, a essa situação.
Vamos resistir a esses problemas, a esse caos, a esse desafio. 

Exemplo 6: será que devemos usar a crase em  NÃO PODE VIAJAR DEVIDO A FALTA DE DINHEIRO?

Troca: NÃO PODE VIAJAR DEVIDO AO...

Nesse caso, usamos "ao" (a + o), portanto, usaremos a crase  (a + a) com palavras femininas ("devido à" ou "devido às").

Não pode viajar devido às dificuldades, à falta de dinheiro, à chuva,  
Não pode viajar devido aos problemas, ao pouco dinheiro, ao mau tempo, ao cancelamento do voo.

Portanto, quando tivermos, numa sentença, a combinação "ao" ou "aos" (diante de palavras masculinas), teremos a crase "à" ou "às" diante de palavras femininas (na mesma sentença). Caso contrário, a preposição "a" ficará sozinha (sem combinação, sem crase). 

Veja outros exemplos 

Deu continuidade ao estudo / às leituras (com crase)
Deu continuidade a vários estudos / a várias leituras (sem crase)

Ele é insensível ao problema / aos problemas / à situação / às situações (com crase)
Ele é insensível a esse problema / a esses problemas / a essa situação / a essas situações  (sem crase)

Ele se refere ao problema / à solução (com crase)
Ele se refere a um problema / a uma solução (sem crase)

Costumo ir aos museus da cidade / às praias da cidade (com crase)
Costumo ir a museus / a praias (sem crase)


Observação: existe uma diferença de sentido quando digo "vou aos museus" e "vou a museus". No segundo caso, estou indicando que "vou a museus" de uma forma genérica (serve qualquer museu em qualquer lugar), enquanto que, no primeiro caso, o uso do artigo "os" (que está combinado com a preposição "a") está especificando a palavra "museus" (ou seja: não vou a qualquer museu). O mesmo ocorre com "vou às praias" (sentido específico, ou seja: vou às praias de um determinado lugar) e "vou a praias" (sentido genérico).



 Dica 2: "vai e volta" 

Uma dúvida clássica diz respeito ao uso de crase com verbo indicando movimento (ir, viajar, voltar etc) para algum lugar (cidade, país, bairro etc). Com essa dica, usaremos a crase só se pudermos dizer "VOLTO DA".

Exemplos: 

Devemos usar crase em VOU À BAHIA porque dizemos "volto DA Bahia". 
Não devemos usar crase em VOU A SÃO PAULO porque dizemos "volto DE São Paulo".

A lógica da regra é a seguinte: se eu posso dizer "volto DA", então houve contração da preposição "de" com o artigo "a" (de + a). Portanto, nesse caso, haverá crase se eu utilizar verbos que exijam a preposição "a" (geralmente verbos de movimento). 

Estou em + a Bahia = estou na Bahia (em + a)
Gostou de + a Bahia = gosto da Bahia (de + a)
Vou a + a Bahia = vou à Bahia (a + a)

Como Bahia admite o artigo "a" (ex: "A Bahia é muito bonita"), então as preposições exigidas pelos verbos ("em", "de", "a") vão se unir com esse artigo, gerando contrações ("na", "da"), bem como a crase ("à"). 

Agora vamos a São Paulo:

Estou em + São Paulo = estou em São Paulo (prep. "em" fica sozinha)
Gosto de + São Paulo = gosto de São Paulo (prep. "de" fica sozinha)
Vou a + São Paulo = vou a São Paulo (sem crase, pois a prep. "a" fica sozinha)

Como "São Paulo" não admite artigo "a" (ninguém diz "A São Paulo é muito bonita", mas sim "São Paulo é muito bonita"), então a preposição exigida pelos verbos ("em", "de", "a" etc) ficarão sozinhas. Logo, não teremos crase, nem nenhum outro tipo de contração ou combinação, já que falta o artigo. 


Atenção (1)

Tenha cuidado: o nome de algum lugar pode admitir artigo se vier caracterizado com outras expressões. Veja, com cuidado, os exemplos abaixo:

Eu volto de São Paulo (a prep. "de" fica sozinha)
Eu vou a São Paulo (a prep "a" fica sozinha, sem crase)
Seja bem-vindo a São Paulo (a prep. "a" fica sozinha, sem crase)

Eu volto da bela São Paulo (volto de + a bela São Paulo)
Eu vou à bela São Paulo (vou a + a bela São Paulo)
Seja bem-vindo à bela São Paulo (bem-vindo a + a bela) 

Eu volto da São Paulo dos bandeirantes (volto de + a São Paulo dos bandeirantes)
Seja bem-vindo à São Paulo dos bandeirantes (bem-vindo a + a São Paulo dos bandeirantes)

Atenção (2)

Tenha cuidado: se trocarmos a preposição "a" pela preposição "para", não teremos crase, certo? Afinal, estaremos usando a preposição "para" no lugar da preposição "a". Veja:

Vou para + a Bahia = vou para a Bahia. 
Vou para + São Paulo = vou para São Paulo.

Vou a + a Bahia = vou à Bahia. 
Vou a + São Paulo = vou a São Paulo.

Depois de toda essa explicação, será muito melhor entender as regras de uso da crase. Vamos, agora, para o próximo post. Clique abaixo para continuar:

parte 2



Super Homem ou Super-Homem? (Nova Ortografia)

De acordo com a Nova Ortografia, o correto é escrever super-homem. Sempre usamos hífen em palavras compostas quando a segunda palavra começa com "h".




Além disso, usamos hífen caso o prefixo termine com a mesma vogal que inicia a segunda palavra (ex: micro-ondas, arqui-inimigo). Se a segunda palavra começar com "r" ou com "s" e se o prefixo terminar com vogal, então nós dobraremos o "r" ou o "s". (Ex: minissaia, semirreta).

Existem mais algumas regras que você precisa saber sobre o hífen em palavras compostas. Veja aqui

Blog do Gramaticando no Facebook - 1 ano!



A página do Blog do Gramaticando no Facebook acaba de completar 1 ano de existência. A página tem ajudado a levantar a bandeira do Gramaticando na maior rede social do mundo, mostrando, com o seu estilo e com a criatividade de sempre, que é possível inovar o aprendizado da gramática da língua portuguesa. 

Alguns exemplos de imagens usadas nas publicações

As primeiras postagens seguiram o Plano de Metas do Blog do Gramaticando, acompanhando a conclusão dos assuntos do currículo escolar, mas ganhando características próprias ao enfatizar a ortografia e os assuntos práticos ligados ao nosso cotidiano. Inaugurada com a publicação inicial de sete postagens, a página do Blog do Gramaticando no Facebook foi evoluindo e inovando ao longo do tempo, buscando sempre novos tipos de abordagens. Um exemplo foi a série Ache o Erro, que desafiava o internauta a encontrar os erros gramaticais no diálogo entre o pedreiro paquerador e a Angelina Jolie. Outra série do período foi Rapidinhas, cujo propósito era fazer explicações pontuais. 


Foto: Essa é fácil, hein...Foto

Juntamente com a expansão do BG, que havia sido indicado pelo portal InfoEnem como um dos melhores blogs de gramática do Brasil, a página do Facebook continuou crescendo naturalmente, cativando os internautas. Então, ao finalizar os roteiros de estudo, a página lançou a série Gramaticando Redação, que trouxe uma abordagem inovadora à teoria redacional, ajudando o internauta não somente a argumentar bem, como também o orientou e o incentivou a agregar maior conhecimento de mundo. Sistematizando a produção textual em três pilares (técnicas de conteúdo, de forma e conhecimento de mundo), o Gramaticando Redação teve suas publicações transferidas para o blog original e, em breve, ganhará uma nova versão, com atualizações e prezando por uma maior interatividade com os leitores. 


E também não abrimos mão dos memes e dos demais padrões virais da internet, usando as ilustrações para aplicar os conceitos gramaticais. 


Foto: Letra feia é uma coisa. Letra bonita é outra coisa. Letra legível é outra coisa. Letra ilegível é outra coisa. 

Qual é o tipo de letra que você precisa usar na redação? Resposta: letra LEGÍVEL, que possa ser lida. Isso independe de beleza. Você pode escrever de modo torto e feio, mas se eu puder ler o que você escreveu então quer dizer que a letra é "legível". 

Dicas gerais de caligrafia. 

1ª) O "i" e o "j" tem pingo sim. Não adianta ficar teimando e ignorando o maldito pingo. 

2ª) O til é isso: ~. Pronto. Apenas um "s" deitado e esticado. Às vezes, por simples preguiça, acabamos transformando o til num traço horizontal.

3ª) Diferencie o "a" do "o". Lembre que o "o" é cortado e o "a" tem a perninha. 

4ª) Diferencie o "r" do "s". Essa é, sem dúvida, o maior problema da caligrafia. Na letra cursiva, dependendo do modo que a gente escrever, nós acabamos transformando o "r" e o "s" na mesma letra. "Como fazer então?" Dê o seu jeito: pegue uma folha de papel e vai treinando. Depois mostre pra tia, pra vizinha, pra mãe ou pra qualquer um e veja se eles conseguem diferenciar as duas letras. Caso contrário, será melhor treinar mais. 

5ª) Diferencie as letras maiúsculas das minúsculas. Pode parecer simples, mas tem gente que coloca as letras maiúsculas e minúsculas na mesma altura e no mesmo modelo de modo inconsciente, sem perceber. 

Você tem mais alguma dica? Talvez eu tenha me esquecido de alguma. Faça um comentário e compartilhe a sua dica conosco!



A você, amigo leitor, que tem nos acompanhado, eu quero deixar registrado aqui o nosso muito obrigado!





E, claro, nunca vamos parar com as novidades. Sempre vamos nos reinventar a cada dia!





Jeito ou Geito? Como se escreve?

Como devemos escrever: JEITO ou GEITO?

Resposta: devemos escrever JEITO.

Então você me pergunta "por quê"? E a resposta é simples: "porque sim". Não tem "geito". Simples assim.


Benicleia se veste de um jeito diferente










Nova Iorque, Nova York ou New York?

Como devemos escrever: "Nova Iorque", "Nova York" ou "New York"?

Resposta: podemos escrever tudo em inglês ou tudo em português. Porém, misturar inglês com português não dá certo. Parece uma salada de cachorro com alface.




Portanto, escreva "Nova Iorque" (tudo em português) ou "New York" (tudo em inglês). 




Como se escreve auto estima?

Auto-estima ou autoestima? Como devemos escrever?

De acordo com a Nova Ortografia, devemos escrever autoestima (junto). Isso ocorre porque o prefixo termina com uma vogal (auto) diferente da vogal que inicia a segunda palavra (estima). Sempre que isso acontece nós devemos escrever as palavras juntas. Exemplos: autoestrada, autoavaliação, infraestrutura, semrido...

Caso contrário (se o prefixo terminar com a mesma vogal que inicia a outra palavra), nós devemos escrevê-la com hífen. Exemplos: anti-inflamatório, micro-ondas, micro-organismo.

Benicleia passou a ter mais autoestima depois que comprou Ivone.


Como se escreve: currículo ou curriculum?

Currículo ou curriculum? Como devemos escrever?

Resposta: as duas formas estão corretas. Porém, é mais comum usarmos "Curriculum Vitae" (que significa "histórico de vida" em latim). Já "currículo" é a forma aportuguesada da palavra. Um outro exemplo onde isso ocorre é "shampoo" (modo original) e "xampu" (modo aportuguesado).

Agora, toma cuidado com os erros de português em seu Curriculum Vitae...


Demitindo o Chefe - Série Argumentar é Viver


Saber argumentar é algo importante para a vida. Argumentar é ter voz, é convencer, é persuadir, é ter opinião, é não deixar ser "pensado" pelos outros, é ter senso crítico e sair do senso comum. 

Em mais um vídeo da série "Argumentar é Viver", vamos analisar um episódio peculiar do reality show "O Aprendiz", da Rede Record. Durante a tradicional reunião de final de tarefas (onde é decidido quem deve ser demitido e que, portanto, os participantes, com a corda no pescoço, precisam convencer Roberto Justus a permanecerem no programa) um dos aprendizes resolveu inovar, demitindo o próprio patrão "da vida dele". 


Literatura: Classicismo

Depois do Trovadorismo veio o Classicismo, período literário do século XV. O que estava acontecendo no mundo no século XV? Exato, é isso mesmo: estava acontecendo o Renascimento. Muito bom!

Contexto Histórico

Esqueça o Trovadorismo, a Idade Média, a vassalagem amorosa, as cantigas e blá-blá-blá. Agora, no século XV, a moda é voltar à cultura clássica (da Grécia e da Roma antiga), fazendo-a renascer (daí vem o nome "Resnascimento"). A Igreja Católica vive a crise da Reforma Protestante. Agora, não é mais o Catolicismo o centro do mundo, Deus não é mais o centro do mundo, mas sim é o homem. O homem é o "cara" (literalmente), o homem é o centro do universo, o homem é o centro do mundo! Essa ideia se chama "antropocentrismo" e é uma característica marcante do Renascimento. A valorização do ser humano era tanta que o nosso corpo era adorado, era o símbolo da perfeição e era por isso que a galera gostava de ficar pelado nos quadros e nas esculturas sem nenhuma vergonha na cara:


E o ser humano é tão perfeito que o seu corpo é simétrico. Ele é superior aos outros seres, pois ele pensa (quer dizer, nem todos, mas deixa pra lá...). Ele é dotado de intelecto e de razão, ele tem a capacidade de pensar. Logo, essa é outra característica do período conhecida como "racionalismo". 



O homem, que era visto pela cultura renascentista como o "centro do mundo" realmente precisava dominar o mundo. Logo, seguindo esse pensamento, o homem partiu para conquistar os mares, inaugurando a época das grandes navegações (característica associada ao "universalismo", ampliando os horizontes). Então, um camarada muito esperto, vendo que a moda era "o homem no centro de tudo", "o homem desbravando os sete mares", "o homem e as grandes navegações", resolveu escrever um poema gigantesco sobre as grandes navegações (já que não tinha Facebook nem Blog do Gramaticando nem nada pra fazer). O título do poema é "Os Lusíadas", escrito por Luís Vaz de Camões e o negócio ficou tão bom, mas tão bom que entrou para a história da Literatura. 

Dizem as más línguas que ele sofreu um naufrágio ao voltar do Oriente e precisou optar por salvar o seu livro (que não foi nada fácil escrever) ou a sua mulher (chamada Dinamene... sim, é esse o nome mesmo). Advinha o que ele fez? Resposta: salvou o livro e, graças a isso, todo mundo precisa estudá-lo em Literatura até hoje! Isso não é legal?!

As más línguas dizem também que ele perdeu um olho numa batalha em 1540 contra os mouros. Engraçado dizer que essas mesmas más línguas dizem que ele perdeu o olho depois de espiar, pelo buraco da fechadura, mulheres trocando de roupa. 

E também tem essa versão aqui:



Os Lusíadas

"Os Lusíadas" era o "best-seller" da época. Era a obra que representava o Renascimento, pois falava a respeito do povo heroico português que foi desbravar o mar, que descobriu o novo continente (antropocentrismo e universalismo). O herói é o povo português (e não apenas os marinheiros). Os portugueses avançaram contra os mares desconhecidos, esmagaram as superstições dos monstros invisíveis que habitavam as águas e redesenharam o mundo (sim, pois por muito tempo o homem teve um medo fantasioso de cruzar os mares, além de, claro, jamais suspeitar que a Terra era redonda da silva, provavelmente pensando que cairia dela ao chegar até as bordas). 

A obra é uma "epopeia", ou seja, um poema "épico". Uma coisa "épica" é algo grandioso. Seria o "Senhor do Anéis", o "Gladiador", o "300" a "Lagoa Azul" de hoje. Afinal, o Renascimento queria trazer de volta a cultura grega de antigamente, que também valorizava o homem e a mitologia grega (características do livro"A Odisseia").

Sim, o Renascimento também queria fazer renascer a mitologia grega, que nada mais é do que trocentos deuses juntos brincando com o mundo (Apolo, Zeus, Artemis, Baco, etc...). Ou seja: além do antropocentrismo e do racionalismo, a volta dos seres mitológicos também era uma característica do Renascimento. Um exemplo é a pintura "O Nascimento de Vênus", a deusa do amor e da beleza. 


A característica da mitologia grega também aparece na obra de Camões. Vários deuses aparecem em "Os Lusíadas": Apolo, Baco, Neptuno, Júpiter, Vênus, entre outros. Há uma parte do poema onde Camões pede inspiração às "ninfas do rio Tejo" para poder escrever, outra evidência mitológica. 

Estrutura

Quando eu disse que o poema era "gigantesco" eu realmente não estava brincando. Afinal, ele tem 8816 versos organizados em 1120 estrofes e em 10 cantos! É coisa pra caramba! 

De modo geral, o "poemão" é dividido em cinco partes: 

1) Proposição: Camões mostra o assunto de seu poema, dizendo que vai escrever sobre uma viagem de Vasco da Gama às Índias (que é um pouco mais perto do que ir ao Acre ou à Japeri), além de exaltar a glória do povo português em sua expansão pelo mundo, espalhando a fé cristã (sim... a obra mistura mitologia com cristianismo). 

2) Invocação: Camões pede às Tágides (musas mitológicas que ficam no rio Tejo) inspiração para escrever. Realmente, tem que ter muita inspiração para escrever mais de 8000 linhas! Veja a mitologia da cultura grega renascendo nessa parte.

3) Dedicatória: Camões dedica o livro ao rei de Portugal, puxando o saco dele até arrancar, dedicando as linhas do canto 6 ao 17 só pra isso. Camões diz ao rei (dom Sebastião) que confia a continuação das glórias  e das conquistas do povo que estão sendo narradas no livr.

4) Narração: é auto-explicativo ;)

5) Epílogo: Finalmente, Camões termina a sua obra com o epílogo. Nessa parte, o poeta fica triste ao observar a realidade, não vendo mais as glórias e as conquistas no futuro de seu povo.

Só um detalhe: são mais de 8000 versos com rimas. Existem pessoas que literalmente suam para conseguir uma maldita rima, enquanto que Camões, em pleno século XV, fez mais de 8000 rimas! Realmente, as musas inspiraram bastante ele... As rimas são do tipo BABACA ABABABCC. Se você tem um raciocínio lento que nem o meu, vamos com calma: o primeiro verso rima com o terceiro e com o quinto. O segundo rima com o quarto e com o... deixe eu contar... ah sim, o segundo rima com o quarto e com o sexto. E o terceiro rima com o sétimo e com o oitavo. Essa técnica é chamada de "oitava rima".

Além das rimas, Camões cuidou da métrica, usando versos decassílabos (dez sílabas poéticas) no poema todo. "Sílaba" é diferente de "sílaba poética", que depende diretamente do som da leitura. Vejamos um exemplo: "é preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã" (Renato Russo).

Separando em sílabas "normais", nós encontramos:

É/PRE/CI/SO/A/MAR/AS/PES/SO/AS/CO/MO/SE/NÃO/HOU/VES/SE/A/MA/NHÃ

Já em "sílabas poéticas" as coisas mudam: a última sílaba da estrofe é a sílaba tônica da palavra e, além disso, alguns tipos de vogais se juntam numa mesma sílaba poética mesmo sendo de palavras diferentes (dependendo da tonicidade delas).

Separando em sílabas poéticas:

É/PRE/CI/SO A/MA/R AS/PE/SSO/AS/CO/MO/SE/NÃO/HOU/VE/SSE A/MA/NHÃ

Esse verso tem 18 sílabas poéticas. Veja que precisamos ter mais atenção para separar as sílabas poéticas, observando os sons. Camões escreveu todos os seus versos com dez sílabas poéticas (decassílabos). Agora, você deve entender o motivo de ele ser simplesmente o "cara" da Literatura Portuguesa.




De Endi

Tags: resumo do classicismo, características do classicismo, literatura classicismo, renascimento classicismo

Fora de Moda - Série "Argumentar é Viver"



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