Antes de qualquer coisa, eu preciso fazer duas perguntas para você:
1) Você sabe o que é Objeto Direto?
2) Você sabe o que é Verbo Transitivo Direto?
Se você respondeu "não" em alguma dessas duas perguntas, então leia a aula anterior (clicando aqui) antes de continuar por aqui, ok? Faça isso para poder entender o que eu vou explicar aqui.
Objeto Direto Preposicionado
Veja este simpático exemplo:
Meu cachorro odeia você.
Acabamos de ver que entre o verbo ("odeia") e o objeto ("você") não existe nenhuma preposição, ok? Então o verbo "odiar" é transitivo direto e "você" é objeto direto.
Porém, o mundo é uma caixinha de surpresas e tudo é possível. Veja o próximo exemplo:
Meu cachorro odeia a ti.
Neste caso, ao invés de eu dizer "você" eu disse "a ti". Veja que, agora, surgiu uma preposição do nada, que é a preposição "a". Porém, nós acabamos de ver que o verbo "odiar" é transitivo direto (ele não exige preposição). Ou seja: se o verbo é transitivo direto (não exige preposição), então por que a bendita preposição "a" apareceu ali? Por que um verbo transitivo direto apareceu junto com uma preposição? É magia?
Bem, não se assuste porque isso pode acontecer por diversos motivos simples e quando isso acontece o objeto direto será chamado de objeto direto preposicionado (uma espécie de "é objeto direto, mas tem preposição").
Então:
"Quando o verbo for transitivo direto (verbo que não exige preposição)
e a preposição aparecer mesmo assim, não se trata de magia ou de coisas do além,
mas sim de objeto direto preposicionado".
e a preposição aparecer mesmo assim, não se trata de magia ou de coisas do além,
mas sim de objeto direto preposicionado".
Vamos ver alguns exemplos típicos e simples onde nós podemos encontrar esse tal de objeto direto preposicionado:
Exemplo 1 - Com pronome pessoal oblíquo tônico
Ou seja: com pronomes do tipo "ti", "si", "mim", exatamente como ocorre no exemplo "meu cachorro odeia a ti".
Esse tipo de pronome sempre pede a preposição "a" mesmo se o verbo for transitivo direto: "meu cachorro odeia a ti", "meu cachorro odeia a mim", "meu cachorro odeia a si próprio". Em cada um desses exemplos, o verbo é transitivo direto ("odiar"), mas existe preposição entre ele e o objeto. Logo, em todos esses exemplos, cada objeto será um objeto direto preposicionado.
Exemplo 2 - Com pronomes indefinidos
Dependendo do pronome indefinido a preposição pode aparecer. Veja:
"Meu cachorro odeia todo mundo"
("todo mundo" é objeto direto: não aparece preposição)
"Meu cachorro odeia a todos"
("a todos" é objeto direto preposicionado: aparece a preposição "a")
Exemplo 3 - Evitar a ambiguidade
A ambiguidade é um problema que acontece quando a oração tem mais de um sentido (e não é possível saber qual dos dois é o sentido verdadeiro).
Imagine um jogo de futebol entre cães e gatos. Aí você ouve essas duas mensagens:
1 -Os gatos venceram os cães
2 - Os cães venceram os gatos.
Você conseguiu entender que, na oração 1, os gatos venceram o jogo, enquanto que na oração 2 os cães venceram o jogo. Agora, veja este exemplo:
Venceram os gatos os cães
E agora? Quem foi que venceu: os gatos ou os cães? Não é possível saber quem venceu o jogo por causa da ambiguidade: a oração tem dois sentidos ao mesmo tempo. Então, para evitar a ambiguidade, nós usamos a preposição no objeto direto, transformando-o num objeto direto preposicionado:
Venceram aos gatos os cães.
Agora nós sabemos quem venceu: foram os cães (porque se "aos gatos" é o objeto direto preposicionado, então "os cães" é o sujeito). Se eu quiser dizer que os gatos venceram, basta dizer: "venceram os gatos aos cães".
Exemplo 4 - O objeto indica uma parte de um todo
Esse caso ocorre geralmente com os verbos "comer" e "beber". Usamos o objeto direto preposicionado para dizer, por exemplo, que não comemos o alimento inteiro, mas sim comemos parte dele.
Exemplo:
Na hora do recreio, Joãozinho comeu do meu pacote de Trakinas
Se eu falar "Joãozinho comeu o meu pacote de Trakinas", vai parecer que ele comeu o pacote inteiro. Então, para dizer que Joãozinho não comeu todo o pacote, nós colocamos a preposição "de" antes do objeto direto, transformando-o num objeto direto preposicionado. Nesse caso, a preposição "de" se junta com o artigo "o", formando o "do" (de + o = o). Então, "do meu pacote de Trakinas" é um objeto direto preposicionado.
Exemplo 5 - Verbos que indicam emoção ou sentimento
O verbo "amar" é transitivo direto, ou seja: ele não exige preposição. Logo, nós podemos dizer "eu amo Deus", por exemplo.
Porém, é comum usarmos preposição nesses tipos de verbos que indicam emoção ou sentimento. Veja o exemplo:
Eu amo a Deus
A preposição "a" é desnecessária (posso dizer "eu amo Deus"), mas a preposição simplesmente apareceu dando uma ênfase maior ao que eu quero dizer. Nesse caso, a expressão "a Deus" se transforma num objeto direto preposicionado.
Resumindo
O mundo é uma caixinha de surpresas e tudo pode acontecer. Se o verbo for transitivo direto (não exigir a preposição) e mesmo assim a preposição aparecer (por algum dos motivos que vimos nos exemplos), o objeto direto será classificado como objeto direto preposicionado.
Portanto, quando você for fazer algum exercício para classificar os objetos e encontrar uma preposição entre o objeto e o verbo, verifique se o objeto é um objeto direto preposicionado antes de você tratá-lo como um objeto indireto. Você pode pensar que se trata de um objeto indireto, mas ele pode ser um objeto direto preposicionado.
Próximo Assunto
No próximo artigo, nós vamos falar a respeito do objeto pleonástico.
Muito bem explicado!
ResponderExcluirBem explicado
ResponderExcluirshow de bola!
ResponderExcluirMelhor que meu prof, obrigado.
ResponderExcluirMaravilha!
ResponderExcluirMagnífico!!!!!
ResponderExcluirMuito obrigada! voce explica com muita clareza
ResponderExcluir