Vende-se ou vendem-se?

Quando eu estudava no Ensino Fundamental eu achava que as regras da Língua Portuguesa eram perfeitinhas: tudo estava escrito nas gramáticas de modo claro e exato. Porém, as coisas não são assim. Um exemplo disso é a polêmica do "vende-se" e do "vendem-se". Alguns autores consideram errado dizer "vende-se" (aluga-se, conserta-se, etc...). Entretanto, outros afirmam que essa construção é correta. Aproveitando que o artigo anterior foi sobre as funções do "se", resolvi escrever essa postagem. 

"Vende-se" ou "vendem-se"?

Antes de partimos para a explicação, você precisa ter algo claro na mente: vozes verbais. As orações podem ser escritas no padrão da voz ativa ou então na voz passiva. Veja o padrão:

Vendem-se casas 

padrão da voz ativa 

Casas são vendidas
padrão da voz passiva (o sujeito "casas" se transforma no agente da passiva)

Versão 1: "Vendem-se casas" é o mesmo que "casas são vendidas". Logo, "vende-se casas" é o mesmo que "casas é vendida", o que é errado. Logo, é errado dizer "vende-se casas". O correto é "vendem-se casas". 

Versão 2: "Vendem-se casas" é o mesmo que "casas são vendidas". Agora, dizer "vende-se casas" quer dizer que alguém (um sujeito indeterminado) vende casas. Ou seja: "alguém vende casas", "sujeito indeterminado vende casas". Imagine se uma pessoa se depara com a placa "vende-se casas". Ela se pergunta: "quem está vendendo casas"? A resposta será: "não sei, porque o sujeito é indeterminado". Logo, tanto faz dizer "vendem-se casas" ou "vende-se casas". 

Os gramáticos ainda não entraram num acordo. Alguns autores consideram a versão 1, enquanto que outros optam pela versão 2. Evanildo Bechara, conceituado gramático da ABL, defende a versão 2. Em sua gramática, ele afirma:

…o ‘se’ como índice de indeterminação do sujeito – primitivamente exclusivo em combinação com verbos não acompanhados de objeto direto –, estendeu seu papel aos transitivos diretos (onde a interpretação passiva passa a ter uma interpretação impesssoal: ‘Vendem-se casas’ = ‘alguém tem casa para vender’) … A passagem deste emprego da passiva à indeterminação levou o falante a não mais fazer concordância, pois o que era sujeito passou a ser entendido como objeto direto…

Por outro lado, Sérgio Nogueira, gramático do G1, opta pela versão 1:

Quando vejo escrito numa placa “CONCERTA-SE bicicletas”, primeiro fico imaginando uma “sinfonia” de bicicletas e, depois, a necessidade de CONSERTAR a plaquinha. O certo é: “CONSERTAM-SE bicicletas” (=”bicicletas SÃO CONSERTADAS”).

Conclusão:

Para não errar, diga sempre "vendem-se casas", pois essa construção está correta tanto na versão 1 quanto na versão 2. 

Aprofundando os conceitos...

Eu particularmente opto pela versão 2. Acredito que tanto faz eu falar "vende-se" ou "vendem-se", pois não há preposição depois do "-se".  O que muda é que no primeiro caso (vende-se) o sujeito é indeterminado e a expressão "casas" se transforma em objeto direto, enquanto que no segundo caso o sujeito existe na voz ativa (e se transforma em agente da passiva na voz passiva). Porém, se houver preposição (geralmente é a preposição "de"), então eu terei que usar o verbo sempre no singular. Exemplo: "necessita-se de algo" (e não "necessitam-se de algo), "trata-se de alguma coisa" (e não "tratam-se de alguma coisa").

O "se" não necessariamente virá acompanhado do hífen. Eu poderia falar, por exemplo: "No barbeiro do Darcy sempre se fica nervoso". Nesse caso, o "se" é o índice de determinação do sujeito, já que o verbo "ficar" está conjugado na 3ª pessoa do singular (ele/ela fica). E realmente não sabemos quem é o sujeito: afinal, quem é que fica nervoso?

Funções do "se"

Veja, agora, as funções que o "se" pode desempenhar:

1) Reflexivo ou Recíproco 

O "se" pode ser pronome reflexivo (quando o sujeito realiza a ação para si próprio, como se estivesse "refletindo" a ação para ele mesmo) ou pronome recíproco (quando a ação é realizada de modo recíproco). Observe:

Nostragildo cortou-se com a faca
Nostragildo e Zunilda se beijaram 

No primeiro exemplo o "se" funciona como pronome reflexivo, já que o sujeito (Nostragildo) realiza a ação de cortar a si próprio (Nostragildo corta Nostragildo).

No segundo exemplo o "se" funciona como pronome recíproco, já que Nostragildo beija Zunilda e Zunilda beija Nostragildo, ou seja: a ação é recíproca, já que os dois praticam e recebem a ação um com o outro.

2) Partícula Apassivadora ou Índice de Indeterminação

Para entender esse assunto, você precisa saber o que são Vozes Verbais. Dê uma rápida olhada, clicando aqui.

Quando o "se" for usado na voz passiva sintética ele será chamado de partícula apassivadora. A voz passiva nada mais é do que a inversão os termos da oração seguindo este exemplo:

Voz ativa: "Frangos bovinos são vendidos". 

Voz passiva: "Vendem-se frangos bovinos".

O que vem a ser um "frango bovino"?


Sempre que pudermos inverter a oração desse modo o "se" será chamado de partícula apassivadora, pois ele estará indicando que a oração está na voz passiva. Na voz passiva sintética, o verbo sempre estará na terceira pessoa do plural (eles/elas), ou seja: "vendem" (como mostrado no exemplo).

Agora, se o verbo não estiver na terceira pessoa do plural então não será possível inverter a ordem dos termos da oração e brincar com as vozes verbais. Isso acontece porque a oração fica com o sujeito indeterminado. Então, o "se" passa a ser chamado de índice de indeterminação do sujeito.

Resumindo:

Vendem-se frangos bovinos
o verbo está na 3ª pessoa do plural, logo o "se" é a partícula apassivadora

Vende-se frangos bovinos*
o verbo está na 3º pessoa do singular, logo o "se" é o índice de indeterminação do sujeito.

*Polêmica

Essa questão do "-se" atuando como índice de indeterminação do sujeito ou então como partícula apassivadora ainda não foi resolvida. Os próprios gramáticos se dividem. Veja, por exemplo, o caso do "vende-se casas" e "vendem-se casas". Alguns gramáticos dizem que o correto é "vendem-se casas". Outros dizem que as duas construções são corretas. Entenda:

Versão 1: "Vendem-se casas" é o mesmo que "casas são vendidas". Logo, "vende-se casas" é o mesmo que "casas é vendida", o que é errado. Logo, é errado dizer "vende-se casas". O correto é "vendem-se casas". 

Versão 2: "Vendem-se casas" é o mesmo que "casas são vendidas". Agora, dizer "vende-se casas" quer dizer que alguém (um sujeito indeterminado) vende casas. Ou seja: "alguém vende casas", "sujeito indeterminado vende casas". Imagine se uma pessoa se depara com a placa "vende-se casas". Ela se pergunta: "quem está vendendo casas"? A resposta será: "não sei, porque o sujeito é indeterminado". Logo, tanto faz dizer "vendem-se casas" ou "vende-se casas". 

Os gramáticos ainda não entraram num acordo. Alguns autores consideram a versão 1, enquanto que outros optam pela versão 2. Evanildo Bechara, conceituado gramático da ABL, defende a versão 2. Em sua gramática, ele afirma:

…o ‘se’ como índice de indeterminação do sujeito – primitivamente exclusivo em combinação com verbos não acompanhados de objeto direto –, estendeu seu papel aos transitivos diretos (onde a interpretação passiva passa a ter uma interpretação impesssoal: ‘Vendem-se casas’ = ‘alguém tem casa para vender’) … A passagem deste emprego da passiva à indeterminação levou o falante a não mais fazer concordância, pois o que era sujeito passou a ser entendido como objeto direto…

Por outro lado, Sérgio Nogueira, gramático do G1, opta pela versão 1:

Quando vejo escrito numa placa “CONCERTA-SE bicicletas”, primeiro fico imaginando uma “sinfonia” de bicicletas e, depois, a necessidade de CONSERTAR a plaquinha. O certo é: “CONSERTAM-SE bicicletas” (=”bicicletas SÃO CONSERTADAS”).

Conclusão:

Para não errar, diga sempre "vendem-se casas", pois essa construção está correta tanto na versão 1 quanto na versão 2. 


Aprofundando os conceitos...

Eu particularmente opto pela versão 2. Acredito que tanto faz eu falar "vende-se" ou "vendem-se", pois não há preposição depois do "-se".  O que muda é que no primeiro caso (vende-se) o sujeito é indeterminado e a expressão "casas" se transforma em objeto direto, enquanto que no segundo caso o sujeito existe na voz ativa (e se transforma em agente da passiva na voz passiva). Porém, se houver preposição (geralmente é a preposição "de"), então eu terei que usar o verbo sempre no singular. Exemplo: "necessita-se de algo" (e não "necessitam-se de algo), "trata-se de alguma coisa" (e não "tratam-se de alguma coisa").

O "se" não necessariamente virá acompanhado do hífen. Eu poderia falar, por exemplo: "No barbeiro do Darcy sempre se fica nervoso". Nesse caso, o "se" é o índice de determinação do sujeito, já que o verbo "ficar" está conjugado na 3ª pessoa do singular (ele/ela fica). E realmente não sabemos quem é o sujeito: afinal, quem é que fica nervoso?

3) "Caso"

Quando o "se" tiver o mesmo sentido de "caso" ele será uma conjunção condicional, ou seja: vai expressar uma condição para que a ação se realize.

Se você comprar um Fusca, eu vou colocar uma mensagem no vidro traseiro 
Caso você compre um Fusca, eu vou colocar uma mensagem no vidro traseiro 



Observe que comprar um fusca é uma condição para que a mensagem seja colocada no vidro traseiro.

4) "Já que" ou "uma vez que"

Quando o "se" tiver o mesmo sentido que "já que" ou "uma vez que" então ele será classificado como uma conjunção causal.

Como você emprestou o carro se ele não sabe dirigir?!
Como você emprestou o carro uma vez que ele não sabe dirigir?!

5) Conjunção Integrante 

Determinados verbos precisam do "se" de qualquer jeito, ou seja: o "se" é parte integrante do verbo, faz parte do verbo. Um exemplo é o verbo "queixar-se". Ninguém diz "ele queixou", mas sim "ele se queixou". Ninguém diz "ele arrependeu", mas sim "ele se arrependeu". Esses são alguns exemplos de verbos que precisam do "se" para serem conjugados. Nesses casos, o "se" atua como conjunção integrante.

Atenção:


Virgulino arrependeu-se de se desenhar num papel.

O verbo "desenhar" não depende do "se". Afinal, podemos dizer "Fulano desenhou alguma coisa". Agora, o verbo "arrepender" precisa do "se". Ninguém diz "Fulano arrependeu", mas sim "Fulano se arrependeu". Logo, não confunda pronome reflexivo (que é o caso do verbo "desenhar") com conjunção integrante (que é o caso de "arrepender-se").

6) Partícula de Realce

Não serve para nada, tanto que se você arrancá-lo não fará diferença alguma. Só serve para enfeitar. Exemplo:

Virgulino riu-se do filme. 

Retirando o "se", ficamos com:

Virgulino riu do filme. 

Veja que a partícula de realce sempre pode ser tirada da oração, ao contrário do pronome reflexivo. É por isso que "riu-se", nesse caso, não é pronome reflexivo, pois nós podemos simplesmente dizer "riu".

Conclusão 

Você acabou de ver as 8 funções que o "se" pode desempenhar: pronome reflexivo, pronome recíproco, partícula apassivadora, índice de indeterminação do sujeito, conjunção condicional, conjunção causal, conjunção integrante e partícula de realce. 

Candidato a presidente, à presidente, a presidência ou à presidência? Quando usar a crase?

Imagine o presidente do Brasil fazer um comício e dizer:

"Ma oe! Quem quer dinheiro? Rá-rá-rá ri-ri! Barras de ouro que valem mais que dinheiro!"



Bem, isso quase aconteceu. Afinal, Silvio Santos também já quis ser presidente do país e, pelas pesquisas, tudo indicava que o dono do SBT ia subir a rampa do Congresso Nacional e deixar Collor e Brizola chupando o dedo. 

Bem, eu poderia falar de outras curiosidades do animador, mas essa é uma página de gramática. E a campanha de Silvio Santos para presidente tem tudo a ver com a crase. Observe as alternativas:

I - Silvio Santos foi candidato a presidente
II - Silvio Santos foi candidato à presidente
III - Silvio Santos foi candidato à presidência
IV - Silvio Santos foi candidato a presidência 

E então? Quais são as alternativas corretas? Será que você entendeu bem como funciona a crase?

O macete diz que nós devemos trocar a palavra feminina por uma masculina e ver se aparece o "ao". Se aparecer, então a crase será usada. Isso ocorre porque a crase é a fusão entre uma preposição e um artigo que, por coincidência, são iguais ("a+a=à"), o que acaba confundindo as pessoas. Logo, trocar a palavra feminina pela masculina é um jeito de descobrir se o verbo exige ou não a preposição "a". 

Por exemplo:

Vou a praia

Se estamos na dúvida a respeito da crase, vamos trocar "praia" por uma palavra masculina e ver se aparece o "ao". Se aparecer o "ao", então haverá crase. 

Vou ao cinema

Pronto. Eu digo "vou ao cinema" (e não "vou a cinema"). Logo, na frase original a crase é usada. Portanto, devemos escrever "vou à praia". 

Porém, o macete pode acabar sendo usado de modo errado. Observe:

Silvio foi candidato a presidente

Vamos trocar "presidente" por outra palavra masculina. Temos:

Silvio foi candidato ao cargo 

Como apareceu o "ao", então devemos escrever "Silvio foi candidato à presidente". 

ATENÇÃO: isso está errado

Quando trocamos a palavra feminina pela masculina, devemos escolher uma troca mais equivalente. Presidente é uma pessoa, mas cargo não é pessoa, e sim uma função. Logo, devemos trocar "presidente" pelo nome de outro cargo ocupado por uma pessoa. A troca poderia ser algo assim:

Silvio foi candidato a governador

Pronto. Não apareceu o "ao". Logo, devemos escrever a frase original sem crase: "Silvio foi candidato a presidente". 

Vamos para o outro exemplo:

Silvio foi candidato a presidência

Vamos trocar "presidência" por "governo". Temos:

Silvio foi candidato ao governo

Logo, como apareceu o "ao" devemos escrever "Silvio foi candidato à presidência"

Conclusão:

Devemos dizer "candidato a presidente" e "candidato à presidência". 





Você sabia que Silvio Santos também já trabalhou na Globo e que, além disso, ele já foi dono da Record?
Quer ver mais curiosidades dele? Clique aqui e acesse o artigo do VINICBLOG.

Haja visto ou haja vista?

Como devemos escrever: "haja visto" ou "haja vista"?

Bem, a expressão "haja vista" é invariável, ou seja: sempre escrevemos "haja vista", independente do que vem depois (seja palavra masculina, feminina ou então no plural). É o mesmo caso do "tendo em vista" (ninguém diz "tendo em visto"). Logo, esse é um macete para nunca mais se esquecer de que "haja vista" é uma expressão invariável. Não existe "haja visto", nem "hajam visto", nem "hajam vistos", etc...

Virgulina não amarrou o cavalo na cerca haja vista o aviso da placa. 


Conjugação do verbo intervir

Você viu no artigo anterior que o verbo "intervir" segue o mesmo padrão de conjugação do verbo "vir". Você também viu nesse mesmo artigo um macete para não errar mais a clássica dúvida do "ele interviu ou interveio". Se quiser saber mais sobre o mundo dos verbos, acesse o nosso plano de estudo gratuito.

Agora, vamos ver a classificação completa do verbo "intervir":

MODO INDICATIVO

Presente 

Eu venho => eu intervenho
Tu vens => tu intervéns
Ele vem => ele intervém
Nós vimos => nós intervimos
Vós vindes => vós intervindes
Eles vêm => eles intervêm

Pretérito Imperfeito 

Eu vinha => eu intervinha
Tu vinhas => tu intervinhas
Ele vinha => ele intervinha
Nós vínhamos => nós intervínhamos
Vós vínheis => vós intervínheis
Eles vinham => eles intervinham

Pretérito Perfeito 

Eu vim => eu intervim
Tu vieste => tu intervieste
Ele veio => ele interveio
Nós viemos => nós interviemos
Vós viestes => vós interviestes
Eles vieram => eles intervieram

Pretérito mais-que-perfeito 

Eu viera => eu interviera
Tu vieras => tu intervieras
Ele viera => ele interviera
Nós viéramos => nós interviéramos
Vós viéreis => vós interviéreis
Eles vieram => eles intervieram

Futuro do Presente 

Eu virei => eu intervirei
Tu virás => tu intervirás
Ele virá => ele intervirá
Nós viremos => nós interviremos
Vós vireis => vós intervireis
Eles virão => eles intervirão

Futuro do Pretérito 

Eu viria => eu interviria
Tu virias => tu intervirias
Ele viria => ele interviria
Nós viríamos => nós interviríamos
Vós viríeis => vós interviríeis
Eles viriam => eles interviriam

MODO SUBJUNTIVO

Presente 

Que eu venha => que eu intervenha
Que tu venhas => que tu intervenhas
Que ele venha => que ele intervenha
Que nós venhamos => que nós intervenhamos
Que vós venhais => que vós intervenhais
 Que eles venham => que eles intervenham

Pretérito Imperfeito 

Se eu viesse => se eu interviesse
Se tu viesses => se tu interviesses
Se ele viesse => se ele interviesse
Se nós viéssemos => se nós interviéssemos
Se vós viésseis => se vós interviésseis
Se eles viessem => se eles interviessem

Futuro

Quando eu vier => quando eu intervier
Quando tu vieres => quando tu intervieres
Quando ele vier => quando ele intervier
Quando nós viermos => quando nós interviermos
Quando vós vierdes => quando vós intervierdes
Quando eles vierem => quando eles intervierem

MODO IMPERATIVO

Vem tu =>intervém tu
Venha ele => intervenha ele
Venhamos nós => intervenhamos nós
Venham eles => intervenham eles
Vinde vós => intervinde vós
Venham eles => intervenham eles 

Interviu ou interveio?

Como devemos dizer? "Ele interviu" ou "ele interveio"?

Bem, o verbo "intervir" é conjugado da mesma forma do verbo "vir". Logo, devemos dizer "ele interveio" porque nós falamos "ele veio". Veja:

Ele veio => ele interveio
Eles vieram => eles intervieram 
Se eles viessem => se eles interviessem 

Portanto, não existe mistério: basta seguir a conjugação do verbo "vir".

É comum que as pessoas tenham dúvida com esse verbo porque misturam a conjugação do verbo "vir" com o verbo "ver". Para evitar isso, basta seguir o seguinte macete: INTERVIR. Observe que as três últimas letras indicam o verbo correto, que é "vir". Logo, para conjugarmos o verbo "intervir" basta seguirmos a conjugação do verbo "vir". 

Outra maneira de não confundir as conjugações é pensar: se o verbo "intervir" segue a conjugação do verbo "ver", então deveríamos dizer "eu intervejo" (derivado do "eu vejo"), o que é completamente errado. Logo, o verbo correto é o "vir". Portanto, devemos conjugar o verbo "intervir" pensando no verbo "vir". 

O governo interveio no transporte público 



Agora, veja a conjugação completa dos verbos "vir" e "intervir" clicando aqui

É proibido ou é proibida?

Quando devemos usar "é proibido" ou "é proibida"?

Bem, a regra, de um modo geral, afirma que devemos usar sempre "é proibido" (no masculino) quando o sujeito não for determinado por algum artigo ou pronome. Vamos aos exemplos:

É proibido entrada de pessoas não autorizadas. 
É proibida a entrada de pessoas não autorizadas. 



No primeiro exemplo o sujeito não foi determinado por nenhum artigo. Quando isso acontece, nós devemos sempre usar a forma masculina (é proibido). Por outro lado, no segundo exemplo o sujeito "entrada" foi determinado pelo artigo "a". Por conta disso, nós usamos a forma "é proibida". 

O mesmo acontece para as expressões "é necessário", "é preciso", "é bom", "é permitido". 

Exemplos com a expressão "é bom":

Água é bom para a saúde. 
A água é boa para a saúde (sujeito determinado por artigo)
Pizza é bom
A pizza é boa. (sujeito determinado por artigo)
Esta pizza é boa (sujeito determinado por pronome demonstrativo). 





Gramaticando Pergunta #1

Qual é a alternativa correta?

A) Você tem até às 13 horas para tirar o submarino da rua!
B) O submarino está na rua desde às 13 horas.
C) Você tem entre às 13 e 14 horas para tirar o submarino da rua
D) Após às 13 horas, o submarino não poderá estar mais na rua
E) Todas as alternativas anteriores estão corretas




A resposta correta é a alternativa A


"Até às" ou "até as"?

Qual é o correto?

Você tem até às 13:00 para tirar o submarino da rua!
Você tem até as 13:00 para tirar o submarino da rua!



Bem, a regra diz que não devemos usar crase após preposições (após, com, até, para, desde, entre, trás, etc...).

Porém, no caso da preposição "até" a crase é facultativa, ou seja: você pode escolher usá-la ou não.

Então...

Podemos usar crase com a preposição "até": "você tem até as 13 horas" ou "você tem até às 13 horas"

Para as demais preposições, não usamos crase: "após as 13 horas", "entre as 13 e 14 horas", "desde as 13 horas" (tudo sem crase).

Entenda 

A crase é a fusão da preposição "a" com outro "a":

a + a = à ( fui à padaria => fui a + a padaria)
a + aquela = àquela (fui àquela padaria => fui a + aquela padaria)

Como a crase geralmente é a versão feminina do "ao", então basta trocar a palavra feminina pela masculina. Se o novo exemplo exigir o "ao", então haverá crase com o uso da palavra feminina.

Exemplo:

"vou ao teatro" => como usamos o "ao", então podemos falar "vou à padaria", "vou à festa", etc...
"vi o filme" => como usamos apenas o "o", então vamos usar apenas o "a": "vi a peça", "vi a cena", etc...

Logo, se usarmos outra preposição ao invés do "a" então não haverá crase (porque não haverá a fusão de "a"). Isso significa que não devemos usar crase depois de preposições, exceto uma: a preposição "até".

A preposição "até" pode admitir o uso da preposição "a" após ela. Podemos dizer "vou até o parque" ou então "vou até ao parque". Passando o artigo "o" para "a", podemos dizer: "vou até a padaria" ou então "vou até à padaria".

Logo, podemos dizer: "você tem até as 13 horas" ou "você tem até às 13 horas".

Porém, para as demais preposições isso não ocorre. Logo, devemos dizer: "após as 13 horas", "entre as 13 e 14 horas", "desde as 13 horas" (tudo sem crase).

Que ou quê? Quando devemos acentuar?

Usamos o acento circunflexo na palavra "que" quando:

1) aparecer seguida de ponto (ponto final, ou então "!" ou "?").

Você veio aqui para quê
Para que você veio aqui?
Que frio está fazendo hoje!
Não sei para que ele me chamou. 
Ele me chamou não sei para quê
Quê? Como assim?! Como o submarino apareceu na rua?! 



2) Quando for um substantivo. Nesse caso, ele geralmente será precedido por um artigo ou numeral.

Pafuntácio sentiu um quê de dúvida em você. 

Para os demais casos (e são muitos... ) escreva "que".



Quando eu fazer ou fizer?

Como devemos escrever: quando eu fazer ou quando eu fizer?

Bem, nesse caso o verbo "fazer" está conjugado no modo subjuntivo e, de acordo com essa conjugação, o correto é dizer "quando eu fizer".

Veja aí:

Quando eu fizer
Quando tu fizeres
Quando ele fizer
Quando nós fizermos
Quando vós fizerdes 
Quando eles fizerem 

Portanto, nada de sair por aí falando "quando eu fazer", "quando eles fazerem", "quando nós fazermos", etc...

Quando eu fazer fizer exercício em família, você também deverá participar. 



Tigela ou tijela?

Qual é o correto: tigela ou tijela?

Resposta: TIGELA

A palavra "tigela" vem do latim tegula, que se escreve com "g". 

A couve ou o couve? Couve flor ou couve-flor?

A palavra "couve" é feminina ou masculina?

Resposta: é feminina!

Portanto, devemos dizer "a couve". 

Além disso, devemos usar o hífen, pois de acordo com a Nova Ortografia as palavras que designam espécie botânicas (plantas, árvores, flores, etc...) não perderam o hífen. 

A minha ovelha se parece com uma couve-flor



"O alface" ou "a alface"?

"Alface" é feminino ou masculino?

Resposta: é uma palavra feminina.

Portanto, devemos dizer "a alface", "esta alface", etc...

Peguei a alface para fazer uma salada de cachorro


Eu CAIBO ou CABO?

CAIBO ou CABO?

Resposta: eu CAIBO.

O verbo "caber", no presente do indicativo, é irregular na primeira pessoa (eu), ou seja: é "diferente" do padrão de conjugação.

EU CAIBO
TU CABES
ELE CABE
NÓS CABEMOS
VÓS CABEIS
ELES CABEM

O gato disse: "eu caibo tranquilamente nessa caixa"



Quer ver todas as conjugações do verbo "caber"? Então clique aqui

Bicampeão ou bi-campeão?

O correto é "bicampeão", assim como: bisavô, bipolar, bilateral, bisneto, etc... Todas as palavras que usam o elemento "bi"são escritas sem hífen.

O físico quântico Weslamay é bicampeão do Torneio de Cientistas Malucos 



Conjugação do verbo EXPOR

O verbo "expor" deve seguir a conjugação do verbo "pôr" (assim como seus outros derivados: "compor", "depor", "impor", "propor", etc...). Portanto, se você conhece a conjugação do verbo "pôr" basta segui-la para conjugar os demais verbos derivados. Agora, se você não sabe conjugar o verbo "pôr" então já está na hora de aprender (ou melhor... decorar):

Modo Indicativo

Presente 

EU PONHO => EU EXPONHO
TU PÕES => TU EXPÕES
ELE PÕE => ELE EXPÕE
NÓS POMOS => NÓS EXPOMOS
VÓS PONDES => VÓS EXPONDES
ELES POEM => ELES EXPÕEM

Pretérito Imperfeito 

EU PUNHA => EU EXPUNHA
TU PUNHAS => TU EXPUNHAS
ELE PUNHA => ELE EXPUNHA
NÓS PÚNHAMOS => NÓS EXPÚNHAMOS
VÓS PÚNHEIS => VÓS EXPÚNHEIS
ELES PUNHAM => ELES EXPUNHAM

Pretérito Perfeito 

EU PUS => EU EXPUS
TU PUSESTE => TU EXPUSESTE
ELE PÔS => ELE EXPÔS
NÓS PUSEMOS => NÓS EXPUSEMOS
VÓS PUSESTES => VÓS EXPUSESTES
ELES PUSERAM => ELES EXPUSERAM


Os artistas expuseram uma nova obra no museu: o "BatDog" 



Pretérito mais-que-perfeito 

EU PUSERA => EU EXPUSERA
TU PUSERAS => TU EXPUSERAS
ELE PUSERA => ELE EXPUSERA
NÓS PUSÉRAMOS => NÓS EXPUSÉRAMOS
VÓS PUSÉREIS => VÓS EXPUSÉREIS
ELES PUSERAM => ELES EXPUSERAM

Futuro do Presente

EU POREI => EU EXPOREI
TU PORÁS => TU EXPORÁS
ELE PORÁ => ELE EXPORÁ
NÓS POREMOS => NÓS EXPOREMOS
VÓS POREIS => VÓS EXPOREIS
ELE PORÃO => ELES EXPORÃO

Eraclebeide não exporá a foto de seu RG no Facebook 



Futuro do Pretérito 

EU PORIA => EU EXPORIA
TU PORIAS => TU EXPORIAS
ELE PORIA => ELE EXPORIA
NÓS PORÍAMOS => NÓS EXPORÍAMOS
VÓS PORÍEIS => VOS EXPORÍEIS
ELES PORIAM => ELES EXPORIAM

Modo Subjuntivo 

Presente 

QUE EU PONHA => QUE EU EXPONHA
QUE TU PONHAS => QUE TU EXPONHAS
QUE ELE PONHA => QUE ELE EXPONHA
QUE NÓS PONHAMOS => QUE NÓS EXPONHAMOS
QUE VÓS PONHAIS =>QUE VÓS EXPONHAIS
QUE ELES PONHAM => QUE ELES EXPONHAM

Pretérito Imperfeito 

SE EU PUSESSE => SE EU EXPUSESSE
SE TU PUSESSES => SE TU EXPUSESSES
SE ELE PUSESSE => SE ELE EXPUSESSE
SE NÓS PUSÉSSEMOS => SE NÓS EXPUSÉSSEMOS
SE VÓS PUSÉSSEIS => SE VÓS EXPUSÉSSEIS
SE ELES PUSESSEM => SE ELES EXPUSESSEM

Futuro 

QUANDO EU PUSER => QUANDO EU EXPUSER
QUANDO TU PUSERES => QUANDO TU EXPUSERES
QUANDO ELE PUSER => QUANDO ELE EXPUSER
QUANDO NÓS PUSERMOS => QUANDO NÓS EXPUSERMOS
QUANDO VÓS PUSERDES => QUANDO VÓS EXPUSERDES
QUANDO ELES PUSEREM => QUANDO ELES EXPUSEREM

Modo Imperativo 

PÕE TU => EXPÕE TU
PONHA ELE => EXPONHA ELE
PONHAMOS NÓS => EXPONHAMOS NÓS
PONDE VÓS => EXPONDE VÓS
PONHAM ELES => EXPONHAM ELES 
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