Regência do verbo "chegar"

O verbo "chegar" exige a preposição "a". Portanto, se você cresceu, se formou, se casou, teve um monte de filhos, envelheceu e durante todo esse tempo ficou dizendo "cheguei na escola", "cheguei no trabalho", então eu tenho uma péssima notícia para você: você falou errado durante a sua vida inteira (coisa trágica).

Ao invés de dizer "cheguei em", "cheguei no" ou "cheguei na", nós devemos dizer "cheguei à" ou "cheguei ao". Eu "cheguei ao trabalho", eu "cheguei à escola" e etc... E o verbo "ir" também segue essa mesma regência.

Porém, existe uma boa exceção: no caso da palavra "casa" nós podemos usar a preposição "em" (cheguei em casa). Ufa, menos mal!

Então, com exceção da palavra casa, a regência do verbo "chegar" sempre exige a preposição "a". É sempre bom lembrar que a crase nada mais é do que a versão feminina do "ao": eu chego ao colégio, eu chego à escola.

Observe nosso exemplo:

O que leva uma pessoa a chegar nesse ponto? (ERRADO)
O que leva uma pessoa a chegar a esse ponto? (CERTO)




Sendo assim, você já sabe qual é o erro da tirinha abaixo:




Palavras homônimas e parônimas: exemplos

Você viu aqui o que são palavras homônimas e parônimas. Só para relembrar: os homônimos são palavras que possuem a mesma grafia ou a mesma pronúncia, enquanto que os parônimos são palavras que possuem grafia e pronúncia parecidas.

Vamos ver, agora, alguns exemplos:

Palavras Homônimas:

Com a mesma grafia, mas pronúncia diferente (homônimos homógrafos):

"O jogo é legal" (substantivo) e "eu jogo bastante" (verbo)
"O almoço foi bom" (substantivo) e "eu almoço na escola" (verbo)
"A sede da empresa fica na outra cidade" (= matriz) e "estou com sede" (= vontade de beber água)
"O Vale dos Sinos fica no Rio Grande do Sul (= forma geográfica) e "este lápis vale 2 reais" (= custa)


Com a mesma pronúncia, mas grafia diferente (homônimos homófonos):
  • acender (pôr fogo ou ligar lâmpada) e ascender (subir)
  • apreçar (dar o preço) e apressar (agilizar) 
  • acento (sinal gráfico) e assento (lugar onde a gente senta)
  • acerca de (sobre isso, a respeito daquilo), cerca de (aproximadamente), e há cerca de (tempo decorrido)
  • afim (parecido) e a fim (finalidade)
  • cassar (anular... é o que acontece com o mandato de um político que é pego roubando o dinheiro do povo: o mandato é cassado) e caçar (pegar animais ou aves... coisa feia)
  • cela (lugar onde o prisioneiro fica apodrecendo) e sela (arreio para cavalo)
  • censo (levantamento de dados ex: censo demográfico) e senso (juízo)
  • cerração (nevoeiro) e serração (ato de serrar)
  • cesto (ah, é "cesto" mesmo... onde se colocam coisas) e sexto (numeral ordinal)
  • chá (bebida de gringo) e xá (título para imperador no Irã)
  • conserto (reparo) e concerto (música, orquestra, coisa que você não deve gostar)
  • coser (costurar) e cozer (cozinhar... eu só sei cozer Miojo). 
  • cheque (aquela folha que você usa para pagar alguém) ou xeque (do xadrez, quando você ameaça o rei)
  • esperto (pessoa inteligente, tipo eu) e experto (perito)
  • espiar (espionar) e expiar ("sofrer castigo", essa nem eu sabia)
  • estático (o que fica firme, imóvel) ou extático ("ficar admirado", essa eu também não sabia)
  •  estrato (um dos vários tipos de nuvens... se você for aviador você sabe do que eu estou falando) e extrato (resumo)
  • incipiente (principiante) e insipiente (ignorante)
  • intercessão (ato de interceder) e interseção/intersecção (ato de cortar)
  • laço (nó) e lasso (frouxo)
  • mal (contrário de bem) e mau (contrário de bom) => é só lembrar que L é mais reto e parecido com E e que U é mais redondo e parecido com O ( por isso a relação mal/bem e mau/bom)
  • paço (palácio) e passo (verbo "passar", ex: eu passo minhas roupas mentira, passo não). 
  • ruço (grisalho) e russo (nome de meu cachorro cara que nasceu na Rússia)
  • tacha (pequeno prego... daqueles dourados, por exemplo, que se coloca em murais) e taxa (ex: taxa de juros)
  • viagem (substantivo ex: a viagem foi longa)) e viajem (verbo... ex: "espero que eles viajem bem")
Mesma grafia e mesma pronúncia (homônimos perfeitos):

"O cão chupa manga" (fruta) e "a manga da camisa está suja" (parte da camisa)
"Perdi a meia" (do pé) e "ele comeu meia laranja" (metade) 
"O banco quebrou quando eu me sentei" (onde se senta) e "o banco estava fechado" (instituição financeira)

 Palavras Parônimas (palavras semelhantes):

  • Amoral (não é moral) e imoral (é contra a moral)
  • Comprimento (tamanho) e cumprimento (saudação) 
  • Emergir (subir à superfície) e Imergir (mergulhar)
  • Emigrar (sair do país) e imigrar (entrar no país)
  • Recrear (associado à recreação) e recriar (criar de novo) 
  • Tráfico (comércio ilegal) e tráfego (movimentação, circulação)     
   

O que são palavras homônimas e parônimas?

As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia (escrita) ou mesma pronúncia.Se tiverem a mesma grafia serão homônimas homógrafas.  Se tiverem a mesma pronúncia serão homônimas homófonas

Observe:

Eu jogo Mortal Kombat 
O jogo Mortal Kombat é bem realista. 

Observe que a palavra "jogo", apesar de ter a mesma escrita em cada exemplo, possui pronúncia diferente em cada caso. No primeiro exemplo ele é verbo (eu "jógo") e no segundo ele é substantivo. Logo, essas duas palavras são homônimas homógrafas (mesma grafia, mas pronúncias diferentes). 




Afrânio está sentado num assento
Afrânio usou o acento errado na palavra. 


Observe, agora, que as palavras "assento" e "acento" possuem  a mesma pronúncia, porém são escritas de modo diferente. Isso significa que elas são homônimas homófonas

Ainda há o caso dos homônimos perfeitos, que são palavras que possuem exatamente a mesma grafia e a mesma pronúncia, porém eles têm significados diferentes.

Veja:

Meu cachorro chupou picolé de manga
A manga da camisa está suja

Observe que a palavra "manga", em cada um dos exemplos, possui a mesma grafia e a mesma pronúncia apesar de ter significado distinto em cada caso.



Revendo:

As palavras homônimas, de modo geral, são aquelas que possuem a mesma escrita ou pronúncia. Porém, possuem significados diferentes (na maior parte dos casos, uma palavra é verbo enquanto a outra é substantivo). Podem ter apenas a mesma pronúncia (homófonas), a mesma grafia (homógrafas) ou então terem, ao mesmo tempo, a mesma pronúncia e grafia (perfeitas). 

Parônimos

Por outro lado, as palavras parônimas são aquelas que possuem a grafia e pronúncia tão parecidas a ponto de gerarem dúvidas. Observe:

Afrânio saudou Juvêncio com um cumprimento
O comprimento da rua é de vinte metros. 

Veja que "cumprimento" e "comprimento" são palavras semelhantes, tendo suas grafias e suas pronúncias parecidas. Porém, "cumprimento" significa saudação (ex: aperto de mão), diferente de "comprimento".

De vez em quando ou de vez enquando?

Como devemos escrever: de vez em quando ou de vez enquando?

Resposta: de vez em quando (separado).

A palavra "enquando" não existe. É provável que o pessoal confunda com "enquanto", conjunção que dá a ideia de que uma ou mais ações ocorrem ao mesmo tempo de outra ação. Por outro lado, "de vez em quando" tem o mesmo sentido de "ás vezes".

Veja as diferenças:





De vez em quando, Bartolomeu coloca pedaços de vidro no muro. 

Enquanto Bartolomeu coloca pedaços de vidro no muro, Creuzumira segura a escada



Revendo:

de vez em quando => é igual a "às vezes"
enquanto => expressa duas ou mais ações que ocorrem ao mesmo tempo
enquando => não existe
de vez enquando => não existe

Agora, veja:

denovo ou de novo 
em baixo ou embaixo

Cujo, cuja, cujos... Pronome, preposição e concordância

Bem, o "cujo" é um pronome relativo que tem a ideia de posse. Ele fica entre a coisa possuída e o seu possuidor. Exemplo:

"A citação cujo autor eu só conheço de nome me fez refletir"
(A citação pertence ao autor que eu só conheço de nome)





E ele concorda com quem esteja associado:

A escola cujos alunos estudaram Mandarim recebeu uma nova diretora
(os alunos que estudaram Mandarim pertencem à escola que recebeu uma nova diretora)

A escola cujas alunas estudaram Mandarim recebeu uma nova diretora
(as alunas que estudaram Mandarim pertencem à escola que recebeu uma nova diretora)

A nova diretora da escola

Observe também:

"Os automóveis cujo código de fabricação foi alterado devem passar por uma revisão". 

Veja que "cujo" concorda com "código" (e não com "automóveis", que está no plural). É por isso que "cujo" permanece no singular. O restante da oração concorda com "automóveis" ("devem passar por uma revisão"). 

Veja também que não há nada entre "cujo" e "código", entre "cujos" e "alunos" e entre "cujas" e"alunas". É errado colocar algum artigo antes do pronome. Logo, é errado dizer "cujo o código", "cujos os alunos", "cujas as alunas". 

Outra pegadinha é a questão da preposição. Essa é a questão mais chatinha do "cujo", já que é uma coisa muuuuuito fora de nossa realidade e parece que está errada (ninguém usa "cujo" no cotidiano). Às vezes, pode ocorrer que a segunda oração, por conta da Regência Verbal, exija preposição. Essa preposição não pode sumir: ela tem que parar em algum lugar, que é à frente do "cujo". 

Veja o exemplo:

Observe a oração: "Todo mundo gosta do pão do padeiro Astrogildo". 

Veja que eu usei a preposição "de" que é exigida pelo verbo "gostar" (gosta do pão). Nesse caso, a preposição "de" se misturou com o artigo "o", formando o "do". 

Vamos mudar essa oração, usando o "cujo":

"Este é o padeiro cujo pão todo mundo gosta"

Esse exemplo está errado. Onde foi parar a preposição "de"? O correto é dizer:

"Este é o padeiro de cujo pão todo mundo gosta". 

Sim, realmente é esquisito... 

Veja outros exemplo:

Este é o político com cujas propostas de resolução da crise nós sempre concordamos. 
(Nós sempre concordamos com as ideias deste político)

Este é o político contra cujas propostas de resolução da crise nós sempre lutamos
(Nós sempre lutamos contra as ideias deste político).

Este é o político em cujas propostas de resolução da crise nós sempre confiamos
(Nós sempre confiamos nos projetos deste político)

Obs: "confiamos nos projetos = confiar em + os projetos).



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